Antônio de Dedé [Antonio Alves do Santos]
1953, Lagoa da Canoa | AL - Brasil
2017, Lagoa da Canoa | AL - Brasil
De sorriso fácil e munido do inseparável chapéu, é o mais velho de cinco irmãos. Começou a acompanhar o pai no trabalho de carpintaria e roçado das fazendas da região aos oito anos de idade. Devia auxiliar a garantir o sustento da família. Desde então se divide em diversos ofícios num local onde as poucas oportunidades de trabalho surgem de acordo com as sazonalidades do ano. Daí afirmar com frequência: “o homem que vive de uma arte só está morto.” Quando jovem, para se divertir, assistia às festas de guerreiro e reisado, manifestações tradicionais alagoanas. Além disso, frequentava os bailes da região. Gostava de dançar. Hoje não mais. A esposa e companheira de mais de 30 anos de vida conjugal, “seguiu a viagem” a cerca de quatro anos, deixando saudades. Pai zeloso, tem como principal preocupação o futuro dos seus. A família é extensa. Nove filhos. O mais velho, 32 anos, a mais nova, nove. Os filhos já começaram a assumir suas vidas, casar, sair de casa e a trazer os primeiros netos.
Dedé atribui sua habilidade escultórica à um “dom da natureza”. Algo que veio a tona a partir do olhar e vontade de recriar a seu modo o trabalho do pai. Uma dádiva recebida geracionalmente e que hoje transmite a seus filhos. Começou a fazer suas primeiras “traquinagens”, como diz, também aos oito anos. Carrinhos e aviões de madeira e/ou lata eram o repertorio preferido. Logo surgiram os primeiros interessados, as outras crianças, encantadas com os brinquedos. Aprimorou sua técnica, ampliou seu leque de personagens que deixava expostos na estante de sua casa. Forma de mostrar seu trabalho aos passantes que podiam vê-los pela fresta da porta. Seu nome começou a circular localmente como um “fazedor de bonecos”. Com essa repercussão local surgiram as primeiras, porém esporádicas encomendas, oriundas sobretudo das “casas de mãe de santo”. Há pouco mais de três anos, no entanto, afirma ter sido “descoberto”. Tal descoberta refere-se à chegada de compradores externos e ligados ao universo da arte popular que começaram a adquirir e divulgar o seu trabalho numa escala nacional. Desde então seu trabalho, e mais recentemente o de sua família, vem se destacando nessa seara pelas formas, sentidos e alto grau inventivo.
Fonte: “Expressões na madeira - Família Antônio de Dedé” - Catálogo Museu de Folclore Edison Carneiro
Exposições Individuais:
2013 Exposição Antonio de Dedé | esculturas, Galeria Estação, São Paulo, SP, Brasil
2008 Cores e formas de Antônio de Dedé, Museu Théo Brandão, Maceió, AL, Brasil
Exposições Coletivas:
2020 Que Mestre é Esse?, Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2018 Arte Popular Brasileira, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, Brasil
2015 Enquanto Isso, Galeria Tina Zappoli, Porto Alegre, RS, Brasil
2014 Memórias Vívidas, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França
2014 Quase figura, quase forma, Galeria Estação , São Paulo, SP, Brasil
2012-2013 Janete Costa “Um Olhar”, Museu Janete Costa, Niterói, RJ, Brasil
2012 Histórias de Ver, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França
2012 Teimosia da Imaginação – dez artistas brasileiros, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2012 Teimosia da Imaginação – dez artistas brasileiros, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, Brasil
2011 Arte Sacra Popular, Galeria Pontes, São Paulo, SP, Brasil
2011 Artistas de Alagoas, Galeria Pontes, São Paulo, SP, Brasil
Coleções Públicas:
Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França
Museu Théo Brandão, Maceió, AL, Brasil
Publicações Selecionadas:
2018 Arte Popular Brasileira: olhares contemporâneos, Vilma Eid e Germana Monte-Mór, Editora WMF Martins Fontes, São Paulo, SP, Brasil
2013 Antonio de Dedé | esculturas, Vilma Eid e Roberta Saraiva, Lis Gráfica, São Paulo, SP, Brasil
2012 Janete Costa “Um Olhar”, Mario Santos, Lis Gráfica, São Paulo, SP, Brasil
2012 Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro, Maria Lucia Montes, Editora WMF Martins Fontes, São Paulo, SP, Brasil
2012 Teimosia da imaginação: Dez artistas brasileiros, Maria Lucia Montes, Martins Fontes, São Paulo, SP, Brasil
2012 Histoires de Voir - Show and Tell, Fondation Cartier pour l’Art Contemporain, Editoriale Bortolazzi-Stei