Germana Monte-Mór veio como artista para a nossa galeria em 2017. Experiente, talentosa, já consagrada, ela abriu o nosso núcleo de trabalho com artistas contemporâneos.
Sua relevância se consolidou em exposições coletivas e individuais em galerias e instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, o Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto (SP), entre outras. Há obras dela nos acervos dessas instituições e também em importantes coleções particulares.
O trabalho de Germana é o resultado de pesquisas e buscas constantes. Quando a conheci, sua paleta era formada predominantemente por tons escuros. Já na primeira individual que ela realizou na Galeria Estação, em 2017, a sensação era de que o sol tinha entrado pela sua janela. As pinturas e os desenhos eram tomados por cores vibrantes, alegres, afirmando sua presença.
Nesta exposição on-line, reflexo dos tempos da pandemia, as cores continuam solares, permanece a busca, na pesquisa entre o bi e o tridimensional, e o resultado é exuberante!
Aproveitem este momento!
Vilma Eid
Fendas e buracos
É o meu mais novo conjunto de pinturas, quase todas realizadas neste ano de pandemia. Quando surgiu a doença, num primeiro momento fiquei meio paralisada, num torpor. Felizmente consegui me movimentar e concentrar energia no trabalho como forma de equacionar o tempo.
Na minha produção plástica sempre lidei com o limite do que é bi e tridimensional, buscando aquele lugar que está entre o desenho e a pintura e o objeto tridimensional. Agora, na minha pintura, lidando mais com as cores e suas possíveis relações, além das fendas desenhadas, que são um elemento recorrente no meu fazer, surgiram os desenhos dos buracos. As formas redondas, que já vinham aparecendo como elementos do jogo da composição, tornaram-se tão autônomas que precisaram ganhar um corpo mais presente. Nasce daí mais uma vez a vontade de lidar com a tridimensionalidade, de tornar a pintura objeto. Os buracos deixam de ser apenas forma e são cortados na tela, depois insiro uma segunda tela sob a tela cortada e aí começa o jogo de cores com os diferentes planos.
A minha ação de cortar a tela não é simplesmente a ação do gesto como no “Concetto spaziale” do artista Lucio Fontana. O meu fazer é equacionar as cores nos diferentes planos, criar relações tonais pelos matizes e tons, mas também pelas sombras diversas que o volume produz, e ainda ativar uma pesquisa da matéria como o uso do pigmento solto, que traz mais luz e corpo à matéria.
O que me alimenta na arte é a busca do novo, do desconhecido, a incerteza do processo poético, a vontade de revelar alguma coisa que não pode ser revelada.
Germana Monte-Mór