Apresentação
Fundação Juan March
No ano de 2009 a Fundação Juan March inaugurou uma serie de exposições dedicadas a America Latina – inserida no programa de exposições – com uma exposição dedicada a Tarsila do Amaral. A mostra quis apresentar a emblemática artista do modernismo Brasileiro, através dela, o Brasil dos anos vinte e trinta do século passado. Tarsila do Amaral era, por cima, uma exposição dedicada a artista, mas também uma monografia peculiar criada para tirar proveito do seu papel evidente e exemplar, que facilitou “narrar” com ela quase três décadas de história, cultura e arte do imenso país Latino Americano.
Agora, quase dez anos despois, aquele desejo de narrar a realidade cultural e artística de um país através de seus protagonistas volta a vir das mãos de outra mulher e da exposição Lina Bo Bardi: tupí or not tupí, 1946-1992.
A Italiana Lina Bo Bardi (Roma, 1914 – São Paulo, 1992), formada em arquiteta na Italia dos anos 30, chegou ao Brasil em 1946 junto com seu marido, o crítico e colecionador de arte Pietro Maria Bardi, se entusiasmaram com seu novo país. Com dinamismo multifacetado – como arquiteta, museóloga, designer, escritora e ativista cultural - rotacionou o eixo das relações complexas entre modernidade e tradição, entre a criação de vanguarda e os costumes populares, entre a individualidade do artista moderno e do trabalho coletivo do povo.
Lina Bo Bardi: tupí or not tupí. Brasil, 1946-1992 é a primeira exposição que é comemorada na Espanha sobre Lina Bo Bardi, e uma das primeiras que não se limita a sua faceta de arquiteta. Leva no seu subtítulo parte do slogan ( “Tupí or not tupí? That is the question”) do Manifesto Antropófagico escrito em 1929 por Oswald de Andrad – o então marido de Tarsila -, todo um exemplo de apropriação “canibal” da famosa cidade Shakesperiana. E é assim que é chamada “antropofágica” brasileira dos anos vinte – talvez a revolução estético-ideológica mais original das vanguardas latino-americanas - buscou a assimilação e o repensar da cultura européia, a europeia Lina Bo Bardi encarnou durante sua vida no país que não abandonaria mais uma espécie de antropofagia ao contrário: também o Velho Mundo, do qual ela veio, teve que ser transformado pelo olhar do Novo Mundo em que viveu, para dar lugar a uma espécie de "aristocracia do povo" (em suas próprias palavras) uma mistura de europeus, índios, negros e nativos do nordeste do país, cheios de sonhos por um futuro melhor.
A exposição reúne quase quatrocentas obras entre, desenhos, pinturas, fotografias, objetos, esculturas, documentos e peças artesanais (muitas delas nunca vistas fora do país de origem e que convidam a descobrir as analogias da obra de Lina Bo Bardi com a antropofagia e o tropicalismo dos anos sessenta), concentra-se nos temas centrais de sua personalidade e sua arquitetura e analisa sua influência na realidade social e política do Brasil na época, bem como a universalidade e óbvia relevância de algumas dessas questões.
A Fundação Juan March gostaria de agradecer a Mara Sánchez Llorens, curadora convidada desta exposição, e a todos aqueles que colaboraram para tornar isso possível, especialmente ao Instituto Lina Bo e PM Bardi (São Paulo), por depositarem sua confiança em um projeto que visa Tornar visível o trabalho de Lina Bo Bardi e os efeitos benéficos indiscutíveis que ela teve sobre a cultura e sociedade do Brasil, seu país de adoção e escolha.
Outubro de 2018
Exposição: Lina Bo Bardi: tupí or not tupí. Brasil, 1946-1992 5 de Outubro de 2018 à 13 de Janeiro de 2019 FUNDACIÓN JUAN MARCH Castelló 77, 28006 Madrid
Primeira exposição celebrada na Espanha sobre Lina Bo Bardi (Roma 1914 - São Paulo 1992), formada em arquitetura na Itália nos anos 30, chega ao Brasil em 1946 acompanhada de seu marido, o critico e colecionar de arte Pietro Maria Bardi.Lina se entusiasmou pelo seu novo país com um dinamismo multifacetado como arquiteta, museologa, desenhista, escritora, ativista cultural e realizadora de exposições, trabalhando sempre com a modernidade e tradição sendo vanguardista nos costumes populares, reconhecendo a individualidade dos artistas modernos e do trabalho coletivo do povo. A exposição se apresenta em continuidade da mostra que a Fundação Juan Marchi, apresentou sobre Tarsila do Amaral em 2009, a mostra apresenta um Brasil do anos 20 e 30. Lina Bo Bardi compartilhou as inquietudes sociais de Tarsila do Amaral e lutou por dar respostas atraves da arquitetura, objetos e ações coletivas que rodeiam suas obras. O objetivo da exposição Lina Bo Bardi - Túpi or not Túpi, Brasil 1946-1992 é apresentar a Lina atraves dos tres lugares mais notavéis de sua geografia (São Paulo, Salvador e o Nordeste Brasileiro), e contar, atraves de sua obra e de alguns de seus contemporanêos, o panorama artistico e cultura do Brasil da segunda metade do século XX.