Exposição Yube Nawa Aibu – A mulher jiboia encantada Curadoria: Anna Dantes e Ernesto Neto Abertura 01 de Fevereiro – 19h Visitação até 24 de Fevereiro de 2018 De segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h às 15h – entrada franca. Galeria Estação Rua Ferreira de Araújo, 625 | Pinheiros | São Paulo | 3813-7253 www.galeriaestacao.com.br
A floresta canta, dança, alimenta.
A floresta ensina.
A floresta cura.
A floresta tem seus povos.
Os povos da floresta tem suas histórias.
A floresta fala através desses povos.
Quando eles falam é a floresta falando.
Com suas medicinas o povo Huni Kuin entra em contato com o espírito da floresta.
Acreditamos que essas pinturas são vozes da floresta, com suas histórias, com seus cantos.
A floresta encanta.
Agora a floresta pinta.
Nessas pinturas encontram-se os cantos dos encantados.
Através de Dani, Isaka, Yaka e Mana recebemos um pouco da cosmovisão do povo Huni Kuin.
Eles nasceram na floresta, vivem na floresta, conhecem a floresta.
Tem nome para cada planta, para cada bicho, para cada pássaro, para cada inseto, para cada bruma.
A floresta com seus rios, árvores, com o vento, são sua sagrada família.
O conhecimento da floresta é profundo, é um saber desconhecido para ciência.
É um outro saber.
Essas pinturas nos trazem o contato com esse saber da floresta.
Saber que atravessou os tempos através da oralidade e agora usa o lápis, o papel, o pincel e as tintas.
São histórias muito antigas, reveladas pelas cores de suas pinturas.
Eles pintam o espírito iluminado de cada ser.
Suas pinturas apresentam a força, a energia, a saúde e a vida da floresta.
A floresta que nos alimenta com seu ar puro, com suas águas, com sua ancestralidade.
Essas pinturas detém conhecimentos muito antigos, que tem suas raízes nas profundezas da terra, e na luz recebida pelo sol no brilho das folhas. É a conversa do céu e da terra.
Elas trazem seu cotidiano de viver na floresta e da floresta.
É com muita honra que temos o prazer de apresentar ao povo de São Paulo um pouco dessa vida indígena que está na raiz de cada brasileiro.
O primeiro brasileiro é filho de índia.
Com essa exposição acreditamos abrir a possibilidade de contato de nosso coração com o coração de nossa primeira mãe aqui representada por Yube Nawa Aibu, a mulher jiboia encantada do povo Huni Kuin.
Com muito amor e gratidão,
Anna Dantes e Ernesto Neto
YUBE NAWA AIBU – A MULHER JIBOIA ENCANTADA
Rita Dani, Yaka, Sebastião Paulino Mana e Menegildo Isaka fazem parte da primeira geração de pintores que floresceu da escola viva Huni Kuin.* Essa escola viva deriva do encontro com a formalização do ensino através de cursos e da formação de professores a partir dos anos 80, quando começaram a usar lápis e papel. Deriva de forma viva, pois a escola, na floresta, não acontece somente na sala de aula, apesar de existirem também salas de aulas nas escolas de cada aldeia.
A escola viva está nas histórias dos antigos, de onde vêm os cantos e o conhecimento das plantas, nos rituais, na raiz da samaúma, no desenho sagrado e geométrico dos kenes e em toda a sua sabedoria. Algo bem diferente do que chamamos de educação, pois não se fixa em um programa que deverá ser assimilado pelos alunos, e sim na confiança de que em cada criança e jovem nasce a possibilidade de redescobrir o mundo.
A escola viva é simples: conhecer e respeitar o planeta, sua origem e suas forças.
Se nos anos 80 o lápis e o papel garantiram o posicionamento esclarecido para a formação professores, de cooperativas e a demarcação das terras, hoje os Huni Kuin utilizam tais instrumentos para fortalecer a transmissão do próprio conhecimento através da arte.
A pintura que eles trazem da floresta representa o invisível sem que seja abstrata. A realidade tampouco é domínio do visível. Huni Kuin significa gente verdadeira. O invisível é real, dizem os Huni Kuin.
A imaginação, palavra que define a faculdade do espírito de representar imagens, aqui é real, mesmo que invisível. É fértil, pois dela a cultura renasce.
Representar talvez nem seja a melhor definição. Revelar se aproxima, embora remeta a algo que surge em si, sem considerar a importância de quem revela.
Transformar em desenho, pintura e arte talvez se aproxime mais do gesto de entrega completa física e espiritual que Rita Dani, Yaka, Sebastião Paulino Mana e Menegildo Isaka manifestam enquanto pintam telas, murais ou cadernos. Transformar o invisível em visível com amor e beleza.
A exposição Yube Nawa Aibu – A mulher jiboia encantada começa quando a exposição Una Shubu Hiwea – Livro escola viva do rio Jordão se despede do Itaú Cultural e de São Paulo.
Agora, na Galeria Estação, mais do que uma exposição, abre-se um rio, afluente direto do rio Jordão, rio invisível mas real, que traz artistas da Amazônia acriana Huni Kuin para o Sudeste, e leva para a floresta a possibilidade de que eles vivam de sua arte.
Boas navegações para Yube Nawa Aibu!
Anna Dantes
* Povo da floresta amazônica tropical que se distribui em aldeias nos rios Purus e Curanja, no Peru, e nos rios Tarauacá, Jordão, Breu, Muru, Envira, Humaitá e Purus, no Brasil, estado do Acre.
SERVIÇO
Exposição Yube Nawa Aibu – A mulher jiboia encantada
Curadoria: Anna Dantes e Ernesto Neto
Abertura 01 de Fevereiro – 19h
Visitação até 24 de Fevereiro de 2018
De segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h às 15h – entrada franca.
Galeria Estação
Rua Ferreira de Araújo, 625 | Pinheiros | São Paulo | 3813-7253
www.galeriaestacao.com.br