CRISTINA CANALE E JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA - DUAS POÉTICAS

encerrado
17.11.2022 a 04.03.2023
Rua Ferreira de Araújo, 625 | São Paulo - Brazil

INTRODUÇÃO

Cristina Canale e José Antonio da Silva

Esse diálogo é dos sonhos!!!

A ideia era que a Cristina escolhesse um artista do acervo da Galeria Estação para uma conversa, assim como algumas outras conversas que já fizemos, todas com muito sucesso! A minha surpresa foi quando a escolha recaiu sobre o meu querido pintor José Antônio da Silva.

Muitos sabem, já contei a história, que foi para uma obra dele que dirigi meu primeiro olhar para a arte, nos idos de 70. Foi arrebatador! Sem que eu soubesse quem era ele, a pintura me encantou. Tomei isso como um sinal de que meu olhar se voltava para a arte dos não eruditos e toquei a minha vida em frente.

Cristina não conhecia essa história, e por aí nos conectamos. Por outro lado, a obra dela sempre me impactou. Como a do Silva, é viva, colorida, traz força de viver. Ela, morando em Berlim, na Alemanha, acredito que enxergue no Silva a força e a alegria de um Brasil que se revela através das cores.

Feliz encontro!

Agradeço imensamente à Galeria Nara Roesler, de quem a Cristina é artista, por entender a importância desse diálogo, mostrando que não existem barreiras na arte.

Aproveitem!

 

Vilma Eid

texto

É gostoso ser pintor


É gostoso saber pintar


É gostoso aceitar a dor


É gostoso saber aguentar


— José Antonio da Silva


José Antonio da Silva foi um pintor mesmo, destes de vocação, mão inquieta querendo criar. Compulsivo, egocêntrico, delirante. Dialogar com uma personalidade desse quilate, mesmo que esta já não esteja mais entre nós, significa entrar em contato com a origem da força criativa que nos habita e de certa forma questionar as fronteiras criadas entre “arte erudita” e “não erudita”. Dialogar com outro artista é uma forma de espelhamento e redescoberta de cantos eventualmente esquecidos ou recônditos do próprio processo criativo.


Meu diálogo com Da Silva se deu a partir da sua série de trens. A paisagem formada por uma sucessão de listras, com muitos componentes abstratos, na qual, do fundo, surge a figura de um trem, vindo ao encontro do observador. São trens nostálgicos, esfumaçados, são trens fálicos que perfuram a paisagem diagonalmente. A dinâmica desse contraste de movimentos me fascinou, e a partir dela elaborei uma série de pequenas obras, utilizando recursos que têm feito parte de minhas experimentações mais recentes, nas quais utilizo tecidos estampados industrialmente em contraste com o gesto pictórico.


A repetição sistemática de formas na representação da paisagem me remeteu à noção de “Parallelismus” do pintor suíço Ferdinand Hodler (1853-1918), que via a natureza organizada em padrões simétricos. Diferentemente de Hodler, no entanto, a obra de Da Silva pende mais para um tensionamento entre a ordem e o caos, com suas listras irregulares, trens fumegantes e o pontilhado tortuoso e ritmado de seus algodoais.


O universo de Da Silva é inspirador: paisagens de fundo infinito, a árvore seca de poucos frutos, caminhos, trilhas, porteiras, casinhas, o motivo constante de suas “nuvens-cordilheira”, ou ainda os pontos vermelhos, ora frutos, ora luzes, ora sei lá o quê, indicando um caminho, uma direção para o olhar. Em suma, sua pintura busca a abstração, mas também se dá ao luxo de ter momentos prosaicos de humor e referências do cotidiano.


Neste meu diálogo com suas obras, além de me referir a algumas muito específicas, deixei-me inspirar também pela sua temática, descobrindo assim nossos pontos de encontro, nossas convergências pictóricas e prováveis identificações com alguns mesmos protagonistas da história da arte. E de algum modo ele parecia ir respondendo ao meu “diálogo” à medida que ia me aprofundando em sua obra e e em sua personalidade exuberante.


É claro que não pude abranger todas as facetas de sua pintura, elas são múltiplas! Antes, deixei-me ser conduzida pela minha própria intuição, pelos meus interesses pictóricos, pelo desejo de desdobrar algo que também dissesse respeito às minhas elaborações. Tracei um itinerário dentro de sua obra sob o meu ponto de vista e, de certa forma, também pelo dele. Trata-se, portanto, de uma “curadoria de artistas”, daquilo que resulta de um diálogo que explora questões tão próprias do ofício: a pintura.


Cristina Canale


Berlim, setembro de 2022

RELEASE

Galeria Estação


 Apresenta


 Cristina Canale e José Antônio da Silva – Duas poéticas


 Abertura: 17 de novembro, das 18h às 21h – até 04 de março de 2023


Quando Vilma Eid convidou Cristina Canale, como tem feito com alguns artistas contemporâneos, para dialogar com um dos nomes do acervo da Galeria Estação, a pintora imediatamente escolheu José Antônio da Silva, justamente o artista que inspirou Vilma a formar uma das mais importantes coleções de arte não erudita brasileira.


Esta exposição, que estabelece conversas entre os dois artistas, reúne treze pinturas de José Antônio da Silva e oito de Cristina Canale, algumas especialmente produzidas para a mostra. Segundo Canale, dialogar com José Antônio da Silva significa entrar em contato com a origem da nossa força criativa e de certa forma questionar as fronteiras criadas entre arte “erudita” e “não erudita”. “Dialogar com outro artista é uma forma de espelhamento e redescoberta de cantos eventualmente esquecidos ou recônditos do próprio processo criativo”, ressalta.


A série de trens do artista paulista foi o ponto de partida para a pintora produzir as suas telas. Os trens de José Antônio da Silva são paisagens formadas por uma sucessão de listras, com muitos componentes abstratos, na quais, do fundo, surge a figura de um trem vindo ao encontro do observador. “São trens nostálgicos, esfumaçados, são trens fálicos que perfuram a paisagem diagonalmente, e a dinâmica desse contraste de movimentos me fascinou, e a partir dela elaborei uma série de pequenas obras, utilizando recursos que têm feito parte de minhas experimentações mais recentes, nas quais utilizo tecidos estampados industrialmente em contraste com o gesto pictórico”, acrescenta Canale.


A artista carioca, que mora em Belim, ressalta que a repetição sistemática de formas na representação da paisagem a remeteu à noção de “Parallelismus” do pintor suíço Ferdinand Hodler (1853-1918), que via a natureza organizada em padrões simétricos. “Diferentemente de Hodler, no entanto, a obra de José Antônio da Silva pende mais para um tensionamento entre a ordem e o caos, com suas listras irregulares, trens fumegantes e o pontilhado tortuoso e ritmado de seus algodoais”, pondera.


Canale observa como o universo do pintor é inspirador: paisagens de fundo infinito, a árvore seca de poucos frutos, caminhos, trilhas, porteiras, casinhas, o motivo constante de suas “nuvens-cordilheira”, os pontos vermelhos, ora frutos, ora luzes, indicando um caminho, uma direção para o olhar. “Em suma, sua pintura busca a abstração, mas também se dá ao luxo de ter momentos prosaicos de humor e referências do cotidiano.”


Além de se referir a algumas pinturas muito específicas, Canale se inspirou também pela temática de José Antônio da Silva. Segundo a pintora, por esse caminho descobriu os pontos de encontro, as convergências pictóricas e prováveis identificações com alguns mesmos protagonistas da história da arte. “Tracei um itinerário dentro de sua obra sob o meu ponto de vista e, de certa forma, também pelo dele. Trata-se, portanto, de uma 'curadoria de artistas', daquilo que resulta de um diálogo que explora questões tão próprias do ofício: a pintura”, completa Canale.


Pintor, desenhista, escritor, escultor e repentista, José Antônio da Silva (Sales de Oliveira, SP, 1909 - São Paulo, SP, 1996) foi um dos primeiros artistas autodidatas não eruditos a se destacar no circuito artístico nacional e internacional. Já em 1946 chamou atenção de críticos como Lourival Gomes da Silva, período em que Pietro Mari Bardi adquire suas obras para a coleção do Masp. Participou de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo e foi contemplado com sala especial na 33ª Bienal de Veneza. O multiartista, além de inúmeras individuais e coletivas, gravou LPs e publicou livros, entre os quais Maria Clara, com prefácio de Antonio Candido.  


Já Cristina Canale (Rio de Janeiro, 1961), egressa da chamada geração 80, conhecida pela retomada da pintura, participou da 21Bienal de São Paulo, na qual recebeu o Prêmio Governador do Estado, da 6ª Bienal de Curitiba, da 8ª Bienal de Beijing, além de individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Itália e Estados Unidos. A sua obra, geralmente baseada em cenas prosaicas do cotidiano, está presente em importantes acervos, entre os quais, MAC-USP, Pinacoteca de São Paulo, MAM – Rio e MAR (RJ). Canale é representada pela Galeria Nara Roesler.


 


 Exposição: Cristina Canale e José Antônio da Silva – Duas poéticas


Abertura: 17 de novembro, das 18h às 21h


Visitação até 04 de março 2023


De segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h às 15h – entrada franca.


 


Galeria Estação


Rua Ferreira de Araújo, 625 – Pinheiros – SP


Fone: 11.3813-7253


www.galeriaestacao.com.br


 


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