Nuca de Tracunhaém [Manuel Borges da Silva]
1937, Nazaré da Mata | PE - Brasil
2014, Recife | PE - Brasil
Nascido no engenho de Pedra Furada, Nuca, ainda menino, foi com a família de mudança para Tracunhaém, onde seu pai comprou um roçado. Ali a família morou e plantou para sua subsistência. Chegando a um grande centro cerâmico como Tracunhaém, é natural que Nuca viesse a interessar-se pela olaria, vendo de perto o trabalho de Lídia Vieira e Zezinho, pelo qual declara admiração. Casou-se com Maria e continuou no ofício básico de olaria e plantando para sobreviver. É só aos 37 anos de idade que se iniciaria na escultura do barro, solicitado por um antiquário de Recife. Nuca cria, então, bela escultura dos seus leões, que chegam a quase 1m de comprimento. Talvez os leões de louça portuguesa que ornamentam a entrada de casas antigas de Recife tenham sido o seu ponto de partida.
Mas absolutamente distantes a representação realista, estes animais remetem antes aos primeiros séculos da antiguidade clássica. Com um ar arcaico e solene de guardiões – não de moradias comuns, para onde finalmente foram destinados, mas de espaços sagrados -, eles resultam de uma concepção harmoniosa de volume e tratamento das superfícies, alternadamente lisas e trabalhadas com jubas de pêlos encaracolados, ou então sulcadas a faca. Nuca esculpe nessa ocasião, ainda, figuras humanas dotadas da mesma simplificação ascética e arcaica da forma, cujos únicos ornamentos são ramagens e flores. Sua mulher, Maria Gomes, modela pequenos leões que chama de carrancas. Roberto Burle Marx colocou leões de Nuca na entrada da casa do seu sítio-museu em Guaratiba, no Rio de Janeiro. Um deles integra o acervo do museu de arte popular do Centro Cultural de São Francisco, João Pessoa, Paraíba, depois de participar da mostra “Brésil, Arts Populaires”, no Grand Palais, Paris, 1987.
Fonte: “Pequeno Dicionário do Povo Brasileiro”, de Lélia Coelho Frota
Exposições Coletivas:
2021 Eles Já Estavam Aqui, Galeria Base, São Paulo, SP, Brasil
2019 Mostra CRAB, Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro CRAB, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2012 - 2013 Janete Costa “Um Olhar”, Museu Janete Costa, Niterói, RJ, Brasil
2010 Coleção Domingos Giobbi? arte, uma relação afetiva, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
2010 Casa Cor - Ugo di Pace, Joquey Clube, São Paulo, SP, Brasil
2008 - 2009 Exposição Imaginário do Povo Brasileiro, Restaurante Antiquarius, São Paulo, SP, Brasil
2008 Bienal Naifs do Brasil, SESC SP, São Paulo, SP, Brasil
2007 Do tamanho do Brasil - Mostra de Arte Popular, SESC Paulista, São Paulo, SP, Brasil
2006 SOMOS - a criação popular brasileira, Centro Cultural Santander, Porto Alegre, RS, Brasil
2005 Forma, Cor e Expressão, Galeria Estação, São Paulo, SP, Brasil
2005 Tradição e Ruptura, Museo Oscar Niemayer, Curitiba, PR, Brasil
2002 Pop Brasil: a arte popular e popular na arte, Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), São PAulo, SP, Brasil
2000 Arte Popular: Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
1992 Viva o Povo Brasileiro | Artesanato e arte popular, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Publicações Selecionadas:
2012 Janete Costa "UmOlhar", Mario Santos, Lis Gráfica, pág 22
2008 Bienal Naifs do Brasil, catalogo, SESC SP, pág 170
1992 Viva o Povo Brasileiro, catalogo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, pág 74
1980 Reinado da Lua, Silvia Coimbra, Flavia Martins, Leticia Duarte, editora Salamandra, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1978 Mitopoeticas de 9 artistas brasileiros, Clarival do Prado Valladares, Funarte, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Casa Cor 2010 - Espaço Para a Nova Era de Ugo, Raul e Maria Di Pace
25.05.2010 - 13.07.2010